domingo, 16 de outubro de 2011

"o fascismo está de volta"


fonte: Expresso

"Indignados" no Porto contra a banca (com vídeo)
Milhares de pessoas juntaram-se no Porto ao movimento mundial dos "Indignados", gritando palavras de ordem contra a banca, a troika e o Governo.
19:24 Sábado, 15 de outubro de 2011


Protestos no Porto. Rui Duarte Silva

Milhares de pessoas associaram-se hoje na Praça da Batalha e na Avenida dos Aliados, no Porto, ao movimento mundial dos "Indignados", gritando palavras de ordem contra a banca, a troika e o Governo.

"Não pagamos", "FMI fora daqui" e "O povo unido jamais será vencido" foram algumas das frases mais ouvidas na manifestação, acompanhada de muitos cartazes, bandeiras, tambores e um esqueleto gigante articulado.


Entre os vários discursos, de desempregados, trabalhadores precários, funcionários públicos e membros de vários movimentos, ouviram-se apelos à revolta contra os responsáveis pela crise financeira que o Mundo atravessa.

"Quem deve pagar as dívidas são aqueles que as criaram"
"Quem deve pagar as dívidas são aqueles que as criaram", defendeu um dos discursantes, enquanto outro apelou à continuação dos protestos iniciados com o movimento "12 de março".

Nas centenas de cartazes empunhados, a maioria manuscritos em pedaços de papel ou cartão, liam-se frases como "Tenho 20 anos e estou sem futuro", "Fuga de cérebros. Serei mais um?", "Não pago", "Reage". Democracia não é medo", "E se trabalhássemos só para nós?", "Taxar as grandes fortunas", "Greve geral nacional" e "Se alguém disser que não podes mudar o Mundo, desconfia".

Noutro cartaz, uma manifestante reproduzia o ponto 1.º do artigo 104.º da Constituição: "O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar".

Passos Coelho com bigode
Um outro manifestante empunhava uma fotografia de Pedro Passos Coelho, pintada com um pequeno bigode numa alusão a Adolf Hitler.

"É preciso mudar isto. As palavras só não chegam. Nunca vi uma ditadura cair só com palavras. As pessoas têm de se unir, mas chega de mão branda. Eles atacam-nos forte, temos de ripostar ainda mais forte", disse à agência Lusa um dos manifestantes, Luís d'Eça, com barba e boné a lembrar Che Guevara.

Na opinião de Luís d'Eça, "todas as formas de ripostar são válidas", nomeadamente uma "revolução".

"Há pessoas a morrer à fome"
"Se tiver de morrer alguém, alguém vai ter de morrer. Há pessoas a morrer à fome. Isso é menos grave?", frisou, responsabilizando a banca pela atual situação.

Maria Rodríguez, espanhola a viver em Braga, referiu que em Espanha seguiu "a revolução sempre, todos os dias", pelo que continua a fazer o mesmo em Portugal.

"Não se pode viver assim. Isto não é viver. É nascer, trabalhar e morrer"
"Não se pode viver assim. Isto não é viver. É nascer, trabalhar e morrer. Não, há que nascer, viver e morrer. E há que lutar agora mesmo. Todos unidos por uma magia e para poder viver com o coração", afirmou.

Conceição Meireles reconheceu que assistiu à manifestação "mais por curiosidade", mas realçou que também está "indignada" e "bastante preocupada", com o futuro incerto da filha pequena e com a sociedade em geral.

"Acho que tem de haver uma mudança de mentalidades e de paradigma. Acho que temos todos de meter a mão na consciência e tentar dar o nosso melhor. Temos de ser honestos", defendeu.

Ambrósio Lopes Vaz disse que decidiu participar na manifestação por sentir que "o fascismo está de volta" a Portugal, através de "um governo que retira regalias que o povo tanto sofreu, tanto lutou para as ter no tempo da ditadura, nomeadamente o horário de trabalho".

"Está a vir agora um governo bem pior do que Salazar, que está a roubar-nos o nosso pão e a atacar todas as classes profissionais", frisou.

Sem comentários:

Enviar um comentário