domingo, 12 de agosto de 2012

Nova escravatura



11 Ago, 09:22h
Texto de António Pedro Dores

SEQUELAS DA ESCRAVATURA EM LISBOA


As notícias de verão, com grande parte dos jornalistas e políticos de férias, são feitas pelas polícias. Sem contraditório, os órgãos de comunicação social poupam trabalho e enchem os noticiários com o regime especial tradicionalmente oferecido às informações oficiais, à propaganda do Estado.

Foi e não foi o caso da destruição do bairro de lata de Santa Filomena, na Amadora. O cerco organizado pelo presidente da Câmara aos moradores, para obter os favores dos munícipes que se queixam da proximidade do bairro negro desvalorizar as suas propriedades (o que nesta fase da vida nacional até é um benefício, na medida em que o imposto sobre as habitações será então mais baixo) trai o racismo oficioso negado mas muito divulgado em Portugal. A polícia, em colaboração com os serviços sociais do município, organizaram uma forma de expulsar do bairro os moradores, aos poucos, para fins eleitorais (aí está: rende dar porrada no preto) e para fins de valorização do próprio território do bairro, bem situado para benefício dos seus proprietários e dos novos moradores que possam pagar os novos fogos a construir.