fonte: Sol
10 de Novembro, 2011
Cerca de 100 pessoas, entre utentes dos serviços públicos e jovens da Plataforma 15 de Outubro, manifestaram-se hoje frente à Assembleia da República contra o Orçamento do Estado (OE) que está a ser debatido no hemiciclo.
Cartazes, palavras de ordem, balões vermelhos com cifrões desenhados e jovens sentados na estrada dominaram o protesto que obrigou a polícia a cortar o trânsito naquela rua.
«Estamos aqui para demonstrar que estamos contra o orçamento, que recapitaliza a banca e penaliza os mais pobres, mais uma vez», disse à agência Lusa Délio Figueiredo, daquela plataforma, responsável pela manifestação de indignados de 15 de Outubro.
Para o jovem, «é impressionante como mais de 100 anos depois das oito horas de trabalho serem uma conquista histórica dos movimentos dos trabalhadores, voltamos a discutir as oito horas de trabalho».
«E este orçamento propõe que haja mais meia hora de trabalho gratuito só para enriquecer quem mais tem e mais pode. Aumentando o fosso entre ricos e pobres», acrescentou.
Por seu lado, Luísa Ramos, da Direção Nacional do Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos, disse que os utentes estão ali «para mostrar que não se identificam com o OE».
«Relativamente aos serviços públicos é um desastre nacional, visa destruir um dos pilares fundamentais do 25 de Abril e do regime democrático, que são efetivamente os serviços públicos: desde o direito à saúde e à mobilidade», afirmou.
Os utentes exigem aos deputados «que não traiam os que votaram neles e não aprovem este orçamento que é de empobrecimento de novas camadas da população».
A protestar junto à escadaria do Parlamento estava Laurinda Gervásio, que diz ser «bastante» afectada por este OE.
«Tenho pensão de reforma muito pequenina e sou viúva. Cada vez o mês é maior e o ordenado mais pequeno. Com a renda de casa, a água e a luz sobra pouco para comer», contou.
Afirmando ter amigos que «já não conseguem dar comer aos filhos em condições» Laurinda Gervásio disse que o seu maior receio é regressar a um tempo «que ficou lá atrás».
«Temo muito que voltemos lá de onde já vim. E eu não queria. Não queria que a minha filha e a minha neta tivessem que voltar de onde eu vim», disse.
Lusa/SOL
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