Barcelona, Londres, Paris, Berlim e até Fortaleza, no Brasil, decidiram juntar-se à manifestação
Fonte: Agência Financeira, por Rita Leça, 2012-09-14 09:20
Já há quase 47 mil nomes na fileira dos que se preparam para seguir da Praça Fontana (em Picoas) até à Praça de Espanha, no sábado, dia 15, às 17h00. O botão «vou», do Facebook, conta por agora com um total de 94.359, mais 11.709 do que ao final da tarde de quinta-feira. 30 cidades aderiram à manifestação. Um valor muito superior aos 69 mil da página da convocatória da manifestação de 12 de março, que levou quase 300 mil pessoas para as ruas.
«As pessoas atingiram o seu limite», disse Magda Alves, uma das fundadoras do grupo que, em agosto, antecipando as más notícias que se avizinhavam, decidiram convocar «o maior número de pessoas possível» para gritar basta à troika. Começaram com sete, hoje são 29, num grupo sem «ligações partidárias ou a movimentos e organizações».
«O nosso apelo é claro: queremos cortar com a troika. Consideramos que rasgar o memorando de entendimento é fundamental», explicou à Agência Financeira uma das organizadoras de um protesto que já criou uma onda de contestação além fronteiras.
Barcelona, Londres, Paris, Berlim, EUA, Canadá e até Fortaleza, no Brasil, decidiram juntar-se ao «Que se lixe a troika». A maioria que aderiu no Facebook (mais de 500, até agora) é portuguesa, mas não só. «Foram atos espontâneos. Viram o nosso evento e também quiseram participar», entende Magda Alves, para quem «as decisões são cada vez mais tomadas a um nível internacional - BCE, Comissão Europeia, FMI -; os protestos também o devem ser».
Aliás, a escolha da data não foi inocente. Dia 15 de setembro coincide com os protestos marcados em Espanha: «Será uma manifestação ibérica. Porque sabemos que o estão a fazer connosco estão a fazê-lo na Grécia e querem de fazer em Espanha. Faz parte de uma estratégia global neoliberal com a qual nós não concordamos».
Também o percurso na capital - criticado por alguns por não desembocar em São Bento - foi pensado para protestar junto da representação permanente do FMI na Avenida da República. «Estas medidas seguem as orientações dadas pela troika: mais austeridade».
Confiante que esta manifestação, que assume-se como um protesto pacífico, rejeitando qualquer tipo de violência, contará com uma «enchente», mas não querendo «arriscar números», Magda Alves contabiliza cada vez mais descontentes no seu dia-a-dia.
«Temos recebido muitos emails de pessoas que dizem que vão levar a família toda, pessoas de diferentes setores de atividade e pessoas que vão pela primeira vez manifestar-se porque, até aqui, acreditavam no discurso da inevitabilidade. E nós dizemos: este caminho não é inevitável».
Uma crítica política de um grupo que não pretende ser «nem um movimento, nem um partido político, nem uma plataforma, nem criar algo de novo». Pretende, antes, levar as pessoas a agir. «Já existe muita coisa. E aqui não há vanguardas. Depende de cada um de nós, no trabalho, na comunidade, nos vários movimentos que existem, ter um papel ativo. A forma como o fazer, cabe a cada um decidir. O nosso papel é dar pistas de possíveis caminhos».
E depois de sábado? «As alternativas existem e são muitas. Basta ver as que são apresentadas pelos vários sectores da sociedade. E nós não somos ninguém para afunilar essas alternativas. Queremos é partir de outro pressuposto, assumir que este caminho não resulta e mudar o ponto de partida do pensamento. Só assim será possível pensar em alternativas concretas e não em austeridade permanente».
Para já, a manifestação conta com o apoio de artistas (como o rapper Chullage, a atriz São José Lapa, o ator Tiago Rodrigues), jornalistas (como Nuno Ramos de Almeida) , mas também «professores, desempregados, mães solteiras...» todos os grupos que formam a nossa sociedade.
E o próprio Mário Soares que disse que, por ser obrigado a ir ao Algarve, não poderá estar presente em Lisboa, poderá juntar-se aos manifestante de Faro, Loulé ou Portimão.
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