Fonte: Público > Local Lisboa
Vereadora da Habitação invocou interesse público do despejo para ultrapassar ordem do tribunal que impedia expulsão dos ocupantes enquanto não fosse decidida a providência cautelar
Minutos de tensão na Rua do Ouro
Dezena e meia de jovens invadiram ontem ao final da manhã o gabinete da vereadora da Câmara de Lisboa Helena Roseta, como retaliação por a polícia os ter expulso do edifício municipal que ocupavam há um mês na Rua de S. Lázaro, junto ao Hospital de S. José.
A ocupação não durou sequer um quarto de hora, findo o qual as autoridades escoltaram os jovens aos gritos até à porta do edifício da Rua do Ouro, onde funcionam gabinetes de vários vereadores. Viveram-se, no entanto, momentos de tensão, com os "ocupas" a vasculharem salas à procura de Helena Roseta. Mais tarde, quando a autarca apareceu, os jovens decidiram que não se reuniriam com a autarca, pelo menos enquanto a polícia não libertasse os três "ocupas" detidos durante o despejo e não lhes devolvesse os seus bens, levados da casa de S. Lázaro para um armazém camarário.
Tudo começou cerca das 10h, quando, sem aviso prévio, os agentes da autoridade arrombaram a porta do número 94 da Rua de S. Lázaro, invadido no passado dia 25 de Abril pelos jovens em solidariedade com os "ocupas" da Fontinha, no Porto. Àquela hora só havia três pessoas dentro da casa. "Eram uns 15, parte dos quais à civil, e estavam todos armados", descreve uma das ocupantes, Carolina Santos. "Começaram a levar os nossos pertences e tiraram-nos para fora à força. Já na rua sufocaram-me, quase me estrangulando. Como sou asmática tive um ataque", prossegue a mesma jovem, que acabou por ser levada para uma esquadra durante algumas horas. O italiano Tommasso Montari foi outro dos detidos. "Estava a tocar um instrumento na rua [durante a acção policial de despejo]. Tiraram-mo à força e mandaram-me ao chão, pondo-me um pé no pescoço para me imobilizarem", conta, levantando a camisola para mostrar o abdómen arranhado. O terceiro detido terá sido um advogado amigo dos "ocupas". De acordo com a Polícia Municipal, o despejo decorreu "sem qualquer problema".
Para ultrapassar uma ordem do tribunal que a impedia de desalojar os ocupantes enquanto não fosse julgada uma providência cautelar interposta pelos jovens para evitarem o despejo, a vereadora da Habitação, Helena Roseta, invocou o interesse público - que, no seu entender, foi comprometido com a suspensão da ordem de expulsão do imóvel. Segundo um despacho da autarca entregue ao tribunal, "o prédio encontra-se em péssimo estado de conservação e é potenciador de riscos iminentes para a segurança de pessoas e bens", o que já tinha motivado a sua desocupação em tempos. Apenas se mantém "legitimamente" no edifício a associação gay Ilga, que sofreu uma inundação provocada pelo "mau uso" do prédio por parte dos "ocupas". O uso nocturno de velas pelos invasores para colmatar a falta de energia eléctrica é outro argumento invocado por Helena Roseta, dado "o grave risco de incêndio e perigo para a segurança" das pessoas.
A vereadora afirma ainda que a actuação da câmara visa garantir o "direito à habitação" e "disponibilizar o prédio" para que seja atribuído "a agregados familiares efectivamente carenciados", um requisito que o grupo de "ocupas" "não preenche". E acrescenta que a ocupação ilegal e abusiva pode levar à "perda de investimentos aprovados ou a aprovar e ao agravamento de custos, colocando em causa o interesse municipal e os interesses públicos de reabilitação do imóvel, no sentido de garantir habitação atempadamente a quem efectivamente precisa".
Para a hora de fecho desta página, os "ocupas" tinham marcado duas manifestações, uma no Martim Moniz, em Lisboa, e outra na Fontinha, no Porto, em apoio da primeira.
Minutos de tensão na Rua do Ouro
Grupo vasculhou gabinete à procura de autarca
Quando os "ocupas" chegaram sem se fazerem anunciar ao edifício camarário da Rua do Ouro, o segurança de serviço ainda tentou desviá-los para o terceiro andar. Mas os jovens sabiam que o gabinete da vereadora era dois andares acima, e foi para lá que se dirigiram, gritando "Um desalojo, outra ocupação", numa promessa de uma nova invasão por cada despejo de que sejam alvo. De nada valeram os esforços da porta-voz da autarca, Luísa Jacobetty, para acalmar o grupo, que começou a abrir portas atrás de portas à procura de Helena Roseta. Sem sucesso. Escoltados pelas autoridades, os "ocupas" foram postos fora do edifício, mas não sem antes tentarem irromper pelo gabinete da vereação comunista adentro.
"Ocupas" expulsos de S. Lázaro invadiram gabinete de Helena Roseta
Por Ana Henriques e Marisa Soares
O prédio da Rua de S. Lázaro tinha sido invadido no passado dia 25 de Abril em solidariedade com os "ocupas" da Fontinha, no Porto. foto Daniel Rocha
Minutos de tensão na Rua do Ouro
Dezena e meia de jovens invadiram ontem ao final da manhã o gabinete da vereadora da Câmara de Lisboa Helena Roseta, como retaliação por a polícia os ter expulso do edifício municipal que ocupavam há um mês na Rua de S. Lázaro, junto ao Hospital de S. José.
A ocupação não durou sequer um quarto de hora, findo o qual as autoridades escoltaram os jovens aos gritos até à porta do edifício da Rua do Ouro, onde funcionam gabinetes de vários vereadores. Viveram-se, no entanto, momentos de tensão, com os "ocupas" a vasculharem salas à procura de Helena Roseta. Mais tarde, quando a autarca apareceu, os jovens decidiram que não se reuniriam com a autarca, pelo menos enquanto a polícia não libertasse os três "ocupas" detidos durante o despejo e não lhes devolvesse os seus bens, levados da casa de S. Lázaro para um armazém camarário.
Tudo começou cerca das 10h, quando, sem aviso prévio, os agentes da autoridade arrombaram a porta do número 94 da Rua de S. Lázaro, invadido no passado dia 25 de Abril pelos jovens em solidariedade com os "ocupas" da Fontinha, no Porto. Àquela hora só havia três pessoas dentro da casa. "Eram uns 15, parte dos quais à civil, e estavam todos armados", descreve uma das ocupantes, Carolina Santos. "Começaram a levar os nossos pertences e tiraram-nos para fora à força. Já na rua sufocaram-me, quase me estrangulando. Como sou asmática tive um ataque", prossegue a mesma jovem, que acabou por ser levada para uma esquadra durante algumas horas. O italiano Tommasso Montari foi outro dos detidos. "Estava a tocar um instrumento na rua [durante a acção policial de despejo]. Tiraram-mo à força e mandaram-me ao chão, pondo-me um pé no pescoço para me imobilizarem", conta, levantando a camisola para mostrar o abdómen arranhado. O terceiro detido terá sido um advogado amigo dos "ocupas". De acordo com a Polícia Municipal, o despejo decorreu "sem qualquer problema".
Para ultrapassar uma ordem do tribunal que a impedia de desalojar os ocupantes enquanto não fosse julgada uma providência cautelar interposta pelos jovens para evitarem o despejo, a vereadora da Habitação, Helena Roseta, invocou o interesse público - que, no seu entender, foi comprometido com a suspensão da ordem de expulsão do imóvel. Segundo um despacho da autarca entregue ao tribunal, "o prédio encontra-se em péssimo estado de conservação e é potenciador de riscos iminentes para a segurança de pessoas e bens", o que já tinha motivado a sua desocupação em tempos. Apenas se mantém "legitimamente" no edifício a associação gay Ilga, que sofreu uma inundação provocada pelo "mau uso" do prédio por parte dos "ocupas". O uso nocturno de velas pelos invasores para colmatar a falta de energia eléctrica é outro argumento invocado por Helena Roseta, dado "o grave risco de incêndio e perigo para a segurança" das pessoas.
A vereadora afirma ainda que a actuação da câmara visa garantir o "direito à habitação" e "disponibilizar o prédio" para que seja atribuído "a agregados familiares efectivamente carenciados", um requisito que o grupo de "ocupas" "não preenche". E acrescenta que a ocupação ilegal e abusiva pode levar à "perda de investimentos aprovados ou a aprovar e ao agravamento de custos, colocando em causa o interesse municipal e os interesses públicos de reabilitação do imóvel, no sentido de garantir habitação atempadamente a quem efectivamente precisa".
Para a hora de fecho desta página, os "ocupas" tinham marcado duas manifestações, uma no Martim Moniz, em Lisboa, e outra na Fontinha, no Porto, em apoio da primeira.
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Grupo vasculhou gabinete à procura de autarca
Quando os "ocupas" chegaram sem se fazerem anunciar ao edifício camarário da Rua do Ouro, o segurança de serviço ainda tentou desviá-los para o terceiro andar. Mas os jovens sabiam que o gabinete da vereadora era dois andares acima, e foi para lá que se dirigiram, gritando "Um desalojo, outra ocupação", numa promessa de uma nova invasão por cada despejo de que sejam alvo. De nada valeram os esforços da porta-voz da autarca, Luísa Jacobetty, para acalmar o grupo, que começou a abrir portas atrás de portas à procura de Helena Roseta. Sem sucesso. Escoltados pelas autoridades, os "ocupas" foram postos fora do edifício, mas não sem antes tentarem irromper pelo gabinete da vereação comunista adentro.
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