terça-feira, 26 de junho de 2012

Manif dos desempregados (actuais e futuros)

fonte: Ionline

Movimento sem Emprego quer manifs contra “situação humilhante”
Por Pedro Rainho, publicado em 26 Jun 2012 - 03:10

Manifestações estão marcadas para sábado, no Porto e em Lisboa, contra a “falta de dignidade”




O Movimento sem Emprego (MSE) vai promover uma manifestação no dia 30 de Junho, em várias cidades do país, contra as “políticas de austeridade”. Pedro Passos Coelho soma um ano à frente do governo, o desemprego bate valores recorde – os jovens que o digam – e o novo código laboral está aí à porta. Está preparado o cocktail para a iniciativa que pretende “trazer muita gente para a rua”, mas também “unir movimentos sociais, sindicatos e partidos mais à esquerda”, diz Ana Rajado, dirigente do MSE.

Podia ser teimosia contra as palavras do primeiro-ministro – que convidou os portugueses a sair da sua “zona de conforto” e a emigrar –, mas quando Ana Rajado diz que “nós não queremos sair” essa vontade assenta no desejo de “construir um país melhor”. “Quando as políticas são tão violentas, a única alternativa que temos é lutar. E há muita gente que já não tem nada a perder.” Em Lisboa, a concentração está marcada para as 15h no Largo de Camões. Os manifestantes seguem depois até São Bento, residência do chefe do governo.

“Há pessoas com 30 anos a viver na dependência dos pais. Estamos a passar por uma situação humilhante, que não permite que levemos uma vida digna”, sublinha a activista social, que dirige um movimento prestes a celebrar quatro meses de existência. Na preparação da iniciativa do próximo sábado, o MSE lançou o convite a “dezenas” de organizações sociais para que integrassem os trabalhos. E a opção está a dar frutos. “Alguns grupos estão a mobilizar-se para a manifestação e já enchemos Lisboa com cartazes.” As expectativas são grandes, mas Ana Rajado reconhece que há quem resista a expressar na rua o seu descontentamento devido a uma “pressão sobre os trabalhadores no activo” que considera ser “insustentável”. “Há neste momento um milhão e 300 mil desempregados em Portugal. Mas há também quem tenha um salário, mesmo que baixo e em condições precárias, e não queira abdicar da pouca estabilidade que ainda tem.”

A dirigente do MSE denuncia a “tentativa de culpabilização” dos portugueses pelo governo e diz que “os actuais valores do desemprego já estavam previstos no Memorando da troika, não são culpa das pessoas mas das políticas adoptadas”. A insatisfação cresce e as pessoas não poupam críticas aos responsáveis políticos. Prova disso foram os apupos de que o Presidente da República foi alvo, na passagem por Guimarães e Castro Daire, no último fim-de-semana. Um prenúncio de que “quando menos esperamos, há qualquer coisa que faz as pessoas mexerem-se, e, de um momento para o outro, as coisas acontecem”, conclui Ana Rajado.

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