sábado, 26 de maio de 2012

Estado policial no Québec, Canadá

Noite de 23 de Maio: «Depois de ter atacado os media, a polícia cerca o maior número possível de manifestantes. 200 manifestantes pacifistas ficaram retidos mais de 3 horas, sem água. A  Polícia Municipal (SPVM, Service de Police de la Ville de Montréal)  bloqueou o quarteirão para impedir o acesso de qualquer cidadão ou jornalista. A nossa equipa conseguiu subir a um telhado para captar a repressão. A polícia terá obtido o itinerário nessa tarde...»



«Mais de 700 manifestantes foram detidos na noite de quarta para quinta-feira na província do Quebeque, no Canadá, num endurecimento das autoridades face à contestação que nasceu de um conflito estudantil. (...) A manifestação acabou por ser considerada ilegal porque os organizadores não tinham apresentado à polícia o itinerário previsto, adiantaram as autoridades» (Público, 24.05.2012 - 22:07)

Acontece que o Município de Montréal aprovou a semana passada um novo regulamento de manifestações que obriga a informar do percurso, sem o que os organizadores poderão ir a tribunal. Além disso, não é permitido manifestar-se com máscara, capuz ou lenço.

A pretexto de desordens públicas, esta lei invoca e apela ao "retorno à paz social no Québec", justificando a  intervenção policial sem demoras para isolar os vândalos e prevenir actos de violência e vandalismo. 

No mesmo site, a polícia afixa mandatos de captura - com fotografias (captadas por câmaras de vigilância) de alegados vândalos:



Uns por terem usados "engenhos fumigénios", outros apenas por isto:
«os suspeitos realizaram graffitis com tinta de aerosol cinzenta e verde na fachada do Hotel-de-Ville do bairro de Outremont, situado junto à linha de caminho de ferro. Estes graffitis diziam "Indignem-se", "Bloqueemos a bolha" ["hausse" = bolha económica] e "morte aos porcos e à polícia"»
«Um homem e uma mulher procurados conseguiram penetrar num edifício do governo situado na rua Bleury, subiram ao último andar e ao telhado e afixaram uma faixa de pano do lado sul do imóvel dizendo "PERFUREMOS O CAPITALISMO". Os suspeitos desceram e saíram do edifício pela porta traseira».
Daqui: http://www.spvm.qc.ca/fr/documentation/3_1_4_persrecherchees.asp?noRech=143 
"Bloquons la hausse" é uma organização de estudantes universitários que luta contra o aumento das propinas, que obriga muitos a endividarem-se mais ou a trabalhar mais, o que lhes tornará impossível a frequência universitária.

Os estudantes protestam há 14 meses contra o aumento das propinas. Estas medidas acontecem depois de uma grande manifestação na semana passada, onde foram partidas montras de 3 bancos: 

Recordemos que isto acontece um dia depois da grande manifestação de 250.000 pessoas, que assinalou 100 dias de greve dos estudantes e onde foram presas 100 pessoas:

Peaceful day march, heated night demo
About 100 arrested Tuesday night, following mega-march that choked city during afternoon
Read more: http://www.montrealgazette.com/news/Peaceful+march+heated+night+demo/6661077/story.html#ixzz1vyUlvhgA


À excepção da notícia recente do Público (acima), os media portugueses "filtram" e omitem estes acontecimentos - gigantescos e gravíssimos - no Canadá. Chama-se "censura":
Sol: zero resultados
Expresso: zero resultados
DN: zero resultados
Ionline: zero resultados
TVI: zero resultados
SIC: zero resultados
RTP: zero resultados

De resto, em português, encontramos muitas outras notícias, mas todas de fontes brasileiras:
https://news.google.com/news/story?pz=1&cf=all&ned=pt-PT_pt&hl=pt-PT&q=manifesta%C3%A7%C3%A3o+estudantes+canad%C3%A1&ncl=dnEpQs0ox9z5x9MOKmbIZUc6MDeVM&cf=all&scoring=d

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