terça-feira, 3 de abril de 2012

Ocupar o Chiado

fonte: TVI

Chiado: flashmob contra repressão policial
Em causa os confrontos na greve geral e notificações por pintura de cartazes
Por: tvi24 / CLC | 2- 4- 2012 21: 22


Dezenas de pessoas pintaram hoje 20 cartazes no Chiado, Lisboa, uma iniciativa que surgiu depois de a polícia ter notificado judicialmente duas mulheres que pintavam um cartaz na rua, disse à agência Lusa uma das manifestantes.

De acordo com Raquel Varela, a 24 de março passado, duas mulheres da Associação ComuniDária, uma organização sem fins lucrativos pela promoção da igualdade da população em risco de exclusão social, foram notificadas por dois agentes policiais enquanto faziam «um cartaz branco, pintado a cor-de-rosa», onde se lia «Todas somos empregadas domésticas».

Em resposta a este episódio, «surgiu nas redes sociais e sem organização» a iniciativa «Vem pintar um cartaz no Chiado», disse à Lusa Raquel Varela, que esteve hoje no Largo do Chiado, em Lisboa, onde decorreu esta tarde o protesto.

Para Raquel, a intervenção policial neste caso foi um «abuso de poder por parte da polícia, que violou a lei», uma vez que «o direito de expressão e de reunião está garantido constitucionalmente», sublinhando que «o que a polícia fez é digno do regime de Salazar e não do pós 25 de Abril».

Raquel Varela disse ainda que, «pintar cartazes na rua, e não afixar cartazes, é uma ação obviamente legal», pelo que, defende, deve ser «aberto um inquérito por abuso de autoridade».

Hoje, nenhuma das pessoas que participou na ação foi advertida ou notificada pela polícia, adiantou a manifestante.

Em causa está também «a violência policial que castigou manifestantes, jornalistas e turistas» na greve geral de 22 de março passado, que os manifestantes hoje reunidos no Chiado contestam.

A Lusa tentou contactar a Polícia de Segurança Pública, mas até ao momento ainda não foi possível.

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fonte: A Bola
Empregadas domésticas protestam no Chiado
Por Bruno Abreu

Num vídeo colocado no ‘youtube’ vê-se um grupo de mulheres que, no passado dia 24 de março, pintaram um cartaz , junto à estátua do Chiado, em Lisboa. No papel, escrito em rosa-choque, lê-se «Somos todas empregadas». Aliás, «Somos todas regadas», porque a pintura do cartaz foi interrompida. Dois agentes da polícia aproximaram-se para advertir o grupo, que questionou o porquê de não poderem pintar. Foram notificadas. O vídeo tornou-se viral e ontem uma multidão reuniu-se no Chiado... para pintar cartazes.

«Foi uma situação absurda», comenta Magdala Gusmão, que esteve presente na primeira ação de sensibilização pelos direitos das empregadas domésticas, levada a cabo pela associação ComuniDária. O seu sotaque brasileiro fez com que o agente lhe pedisse «de imediato os documentos». «Dei número de contribuinte, número da segurança social, morada...estou cá há cinco anos. Disseram que era preciso autorização para pintar o cartaz. Não percebo, se fossem crianças também não podiam pintar?», questiona antes de responder à própria pergunta: «Se calhar aconteceu assim porque foi após a greve geral».

À sua volta cerca de uma centena de pessoas iam pintando cartazes. Usando tintas coloridas,sprays e até colagens em arroz, iam expressando o que lhes ia na alma. «A Banca é do Povo», «O Macedo não nos mete medo» ou «Somos todas empregadas domésticas» (lembrando a causa inicial) foram algumas das frases que, em cartolinas, foram sendo colocadas na estátua de António Ribeiro Chiado. A mobilização lembrou até a solidariedade que o grupo recebeu a 24 de março. Nesse dia várias pessoas se acercaram para saber o que estava a acontecer e foram os próprios transeuntes a questionar a legalidade da ação policial.

Fernando Pessoa de avental
A ComuniDiária não desistiu da sua ação e pretendem acabar o que ficou por fazer, tanto o cartaz como o ato de vestirem a estátua de Fernando Pessoa, que existe naquele largo, com um avental. «Tentámos fazer isso na altura, mas disseram-nos que não podíamos porque poderia irritar os intelectuais da zona. É surreal», exclama Magdala.

A própria trabalhou como empregada doméstica e pretende um reconhecimento dos direitos da profissão. «Queremos sensibilizar para o valor do trabalho doméstico e para os direitos humanos», começa por dizer. «Ser empregada doméstica é um trabalho digno mas não existe essa valorização. Continua a ser um trabalho onde as pessoas são exploradas. Por exemplo, apesar de fazerem descontos para a segurança social, só três por cento têm direito ao subsídio de desemprego se forem despedidas. É uma profissão que é usada para tráfico de pessoas, com muitas a chegarem cá com contratos falsos. Além dos casos de assédio moral e sexual», explicou.

No Chiado continuou a pintura dos cartazes. Mas desta vez, apesar da presença policial, ninguém foi notificado.

Fotos Lusa
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Mais fotos no Expresso.

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