quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Polícia não espera nada de anormal

fonte: Público

Protestos a 15 de Outubro em várias cidades
Polícias seguem manifestações populares a pensar nos problemas internos
12.10.2011 - 07:21 Por José Bento Amaro


No sábado esperam-se milhares de pessoas insatisfeitas com a situação vigente (Foto: Enric Vives-Rubio/arquivo)

Algumas das manifestações que vão ter lugar, no sábado, em diversas cidades portuguesas, poderão contar com a adesão de polícias. Os mesmos colegas de outros que, por imperativos de serviço, serão destacados para vigiar as acções de protesto contra o actual sistema político e económico.

Em Lisboa, mas também no Porto, Braga, Angra do Heroísmo, Faro, Coimbra, Santarém ou Funchal, deverão desfilar milhares de pessoas insatisfeitas com a situação vigente. Estes protestos, por serem organizados por algumas dezenas de movimentos diferenciados, serão acompanhados, em todo o país, por um efectivo policial elevado, mas não revelado. A PSP, à semelhança do que sempre sucede neste tipo de eventos, não revela a quantidade de efectivos e meios a destacar.

“Há sempre, seja em manifestações, concertos, jogos de futebol ou outros ajuntamentos, quem se exceda, mas a experiência diz-nos que são raros os casos de violência”, referiu um oficial da PSP contactado ontem.

A manifestação de sábado, de resto, nem sequer parece causar grande preocupação entre os polícias. António Ramos, presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia, diz que “preocupante é a situação do pessoal do Corpo de Intervenção [CI], que tem concentrações marcadas diariamente frente às instalações na Ajuda e que, na sexta-feira, vai protestar em frente à Unidade Especial de Polícia”, em Belas.

Também o presidente do Sindicato Nacional da Polícia, Armando Ferreira, prefere direccionar as preocupações para os protestos internos, afirmando que “para as manifestações de sábado o esquema deve ser o de sempre”. “Acompanham-se os manifestantes, cortam-se as ruas que tiverem de se cortar se for caso disso, fazem-se cordões de segurança e evita-se a aproximação dos manifestantes a menos de 100 metros dos edifícios do Estado”, diz.

“Sei que há muitos polícias que estão a pensar aderir às manifestações”, mas “cada qual irá agir por si”, acrescenta, por sua vez, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues.

“Temos contactos feitos com a polícia e não estamos à espera que aconteça nada de anormal”, disse ontem ao PÚBLICO uma das organizadoras da manifestação, Inês Tavares.

Em Lisboa, onde se espera que a adesão seja maior, “haverá uma concentração pelas 15h no Marquês de Pombal e depois a manifestação segue em direcção ao Rato e daí para São Bento”, onde se prevê a chegada pelas 19h. Aí, frente ao Parlamento, realizar-se-á uma assembleia popular, onde os participantes poderão apresentar soluções políticas, propor votações ou sugerir novas acções. No Porto, a concentração acontece também às 15h, na Praça da Batalha.

Mais de 30 movimentos já aderiram aos protestos

Os organizadores das manifestações portuguesas de sábado apelam a todos os que vão aderir para que não se envolvam em desacatos, lembrando que os mesmos não servirão para ajudar a conseguir os objectivos de visibilidade e credibilidade pretendidos.

“Neste momento existem mais de 30 movimentos sociais que já aderiram ao protesto e todos eles são importantes”, disse ao PÚBLICO Inês Tavares, uma das dinamizadoras dos protestos, lembrando que a nível mundial existem cerca de 300 convocatórias de manifestações dispersas por 45 países.

“O colectivo organizador da manifestação de 15 de Outubro faz saber que repudia qualquer acto de violência, bem como repressões policiais sobre cidadãos pacíficos que se têm manifestado por uma democracia mais representativa e por um mundo mais justo e solidário”, refere o texto da convocatória da manifestação, lembrando recentes acções idênticas realizadas em Espanha, França e Bélgica.

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