15 de Outubro: a revolução na ponta do lápis
Arquitecta portuense desempregada dedica-se a passar mensagens através dos seus desenhos. Depois do sucesso das presidenciais, o empenho nos «indignados»Por: Catarina Pereira | 11- 10- 2011 13: 54
Garante que desenhou «a vida toda», porque é uma «parte integrante» da sua «visão de futuro». No Natal passado, comprou um quadro digital, no qual fez um desenho «a brincar» que lhe trouxe a popularidade necessária para influenciar o movimento que surgiu a 12 de Março e que no próximo sábado sairá novamente à rua.
Gui Castro Felga - é assim que assina - tem 28 anos e é uma arquitecta desempregada. «Sempre fiz política e activismo. Sou uma apaixonada, vou abraçando causas, porque o mundo está um caos», conta ao tvi24.pt.
Nas eleições presidenciais, «em meia hora», fez um desenho de Cavaco Silva com a mensagem «vota noutro gajo qualquer». «Meti no Facebook para os meus amigos se rirem, mas os amigos foram passando aos amigos e, de repente, tinha uma camada de população relativamente jovem, daqui a Tavira, a usar o meu desenho», recorda.
Tímida, introvertida, garante que entrou «em pânico» com a notoriedade. «Cheguei a fechar-me em casa, mas pensei: ai é? Então vou fazer uma campanha anti-Cavaco. Não serviu de nada, mas fiquei de consciência tranquila», brinca.
Na altura, achou «piada» ao impacto que causou. «Impressionou-me a possibilidade de intervenção e a capacidade de gerar uma corrente de partilha». A jovem portuense salienta que é «muito difícil fazer política fora de Lisboa», pelo que a Internet lhe possibilitou a propagação da mensagem.
Gui Castro Felga continuou a desenhar, «um bocado aos apalpões», participou na manifestação da Geração à Rasca de 12 de Março e nunca deixou de usar o seu trabalho para divulgar ideais. «Não sou artista, sou muito pragmática. Tinha de encontrar uma forma de me sentir útil».
Agora, dedica-se a desenhar cartazes para o 15 de Outubro, dia em que pelo menos oito cidades portuguesas vão participar num protesto internacional desencadeado pelos indignados espanhóis.
«Cada desenho que faço demora mais de dois dias. Faço esticões sem comer, sem dormir, não faço mais nada, é horrivelmente obsessivo», diz.
A arquitecta acredita que, no próximo sábado, surgirá «um movimento gigantesco». Por isso, não vai parar de desenhar. «Os meus cartazes são politizados, porque a minha paixão são as ideias. O seu grau de sucesso é o grau de discussão que geram. Espero que levem as pessoas à rua».
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