No Facebook
Movimento exorta norte-americanos a mudar dos grandes bancos para os pequenos “respeitáveis”
12.10.2011 - 11:58 Por Hugo Torres
Guy Fawkes, herói com forte influência na cultura popular, tem inspirado muito os mabifestantes (Foto: Jim Young/Reuters)
Eric Cantona já o tinha proposto no ano passado, em França, sem consequência. Agora, surge como movimento no Facebook, lançado a partir dos Estados Unidos: e se retirássemos todo o nosso dinheiro das grandes instituições bancárias, como forma de protesto contra a “ganância empresarial” que provocou a crise internacional? E se o fizéssemos todos ao mesmo tempo, a 5 de Novembro?
São estes os desafios do “Bank Transfer Day”, que é apresentado no Facebook como um “evento” e tem resposta afirmativa de mais de 25.600 utilizadores da rede (mais de 4400 dizem que talvez participem, mais de oito mil recusam fazê-lo e espera-se uma tomada de posição – online e pública – de outras 163 mil pessoas, convidadas a integrar o movimento).
A ideia partiu de Kristen Christian, uma galerista de Los Angles de 27 anos, que diz estar “cansada da cobrança de taxa bancária após taxa bancária, após a taxa bancária. Se o site deles [Bank of America] estiver em baixo e eu telefonar, pago uma taxa de dois dólares. Mas a culpa não é minha”, explicou, numa entrevista ao semanário gratuito Village Voice, com sede em Nova Iorque.
O “Bank Transfer Day”, assegura Christian, é independente do Occupy Wall Street. No entanto, há vários elementos deste movimento que já se mostraram solidários com a iniciativa. A Time escreve que “esta é a primeira acção específica de um movimento político que tem sido criticado como incoerente e sem foco”.
A escolha do 5 de Novembro tem razão de ser: foi nesse dia, em 1605, que o britânico Guy Fawkes tentou rebentar com a Câmara dos Lordes. É um herói com forte influência na cultura popular (V de Vingança, James McTeigue), muitas vezes associado a movimentos anarquistas. Que é algo que Kristen Christian recusa cautelosamente: o objectivo é enviar uma mensagem ao sistema financeiro – e não destrui-lo.
“Tenho tido muito cuidado em explicar que isto não é anarquia”, disse, na mesma entrevista. “Isto não é para as pessoas retirarem o seu dinheiro [dos grandes bancos] e enterrá-lo debaixo do colchão. É para transferirem o dinheiro para uma empresa cujas práticas as pessoas respeitem. É como, se não gostar da forma como a Walmart [retalhista multinacional] trabalha, passar a fazer compras no supermercado local”, aclarou.
O discurso de Eric Cantona, há cerca de ano, era bem mais inflamado. Mas foi isto mesmo que acabou por fazer: retirou dinheiro do banco Leonardo e depositou-o no Crédit Agrícola. A Time nota, no entanto, que este processo exige, “não apenas dedicação, mas também tempo (algumas semanas no mínimo) e uma boa quantidade de tedioso papelada”. E isso pode nem ter o efeito que se pretende.
As consequências destas acções no sistema financeiro, mesmo em número considerável, são diminutas – ou meramente simbólicas. É essa a posição de analistas como Daniel Gross, que entendem que o problema das grandes instituições bancárias não está nos tradicionais serviços de depósitos e empréstimos, mas nos negócios que estas mantêm nos mercados de capitais, imobiliários e de consultadoria. Ainda assim, Gross admite que os clientes desses bancos possam começar a sentir-se compelidos a fazer a troca.
Eric Cantona já o tinha proposto no ano passado, em França, sem consequência. Agora, surge como movimento no Facebook, lançado a partir dos Estados Unidos: e se retirássemos todo o nosso dinheiro das grandes instituições bancárias, como forma de protesto contra a “ganância empresarial” que provocou a crise internacional? E se o fizéssemos todos ao mesmo tempo, a 5 de Novembro?
São estes os desafios do “Bank Transfer Day”, que é apresentado no Facebook como um “evento” e tem resposta afirmativa de mais de 25.600 utilizadores da rede (mais de 4400 dizem que talvez participem, mais de oito mil recusam fazê-lo e espera-se uma tomada de posição – online e pública – de outras 163 mil pessoas, convidadas a integrar o movimento).
A ideia partiu de Kristen Christian, uma galerista de Los Angles de 27 anos, que diz estar “cansada da cobrança de taxa bancária após taxa bancária, após a taxa bancária. Se o site deles [Bank of America] estiver em baixo e eu telefonar, pago uma taxa de dois dólares. Mas a culpa não é minha”, explicou, numa entrevista ao semanário gratuito Village Voice, com sede em Nova Iorque.
O “Bank Transfer Day”, assegura Christian, é independente do Occupy Wall Street. No entanto, há vários elementos deste movimento que já se mostraram solidários com a iniciativa. A Time escreve que “esta é a primeira acção específica de um movimento político que tem sido criticado como incoerente e sem foco”.
A escolha do 5 de Novembro tem razão de ser: foi nesse dia, em 1605, que o britânico Guy Fawkes tentou rebentar com a Câmara dos Lordes. É um herói com forte influência na cultura popular (V de Vingança, James McTeigue), muitas vezes associado a movimentos anarquistas. Que é algo que Kristen Christian recusa cautelosamente: o objectivo é enviar uma mensagem ao sistema financeiro – e não destrui-lo.
“Tenho tido muito cuidado em explicar que isto não é anarquia”, disse, na mesma entrevista. “Isto não é para as pessoas retirarem o seu dinheiro [dos grandes bancos] e enterrá-lo debaixo do colchão. É para transferirem o dinheiro para uma empresa cujas práticas as pessoas respeitem. É como, se não gostar da forma como a Walmart [retalhista multinacional] trabalha, passar a fazer compras no supermercado local”, aclarou.
O discurso de Eric Cantona, há cerca de ano, era bem mais inflamado. Mas foi isto mesmo que acabou por fazer: retirou dinheiro do banco Leonardo e depositou-o no Crédit Agrícola. A Time nota, no entanto, que este processo exige, “não apenas dedicação, mas também tempo (algumas semanas no mínimo) e uma boa quantidade de tedioso papelada”. E isso pode nem ter o efeito que se pretende.
As consequências destas acções no sistema financeiro, mesmo em número considerável, são diminutas – ou meramente simbólicas. É essa a posição de analistas como Daniel Gross, que entendem que o problema das grandes instituições bancárias não está nos tradicionais serviços de depósitos e empréstimos, mas nos negócios que estas mantêm nos mercados de capitais, imobiliários e de consultadoria. Ainda assim, Gross admite que os clientes desses bancos possam começar a sentir-se compelidos a fazer a troca.
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