quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Próxima estação: 15 de Outubro



fonte: TVI

Portugueses «à rasca» reagem com contestação
Acção do movimento que nasceu da Geração à Rasca leva a alterar nomes de estações de metro em Lisboa
Por: Redacção / Carmen Fialho | 29- 9- 2011 14: 39

Os portugueses começam a reagir à crise. As formas de luta vão aparecendo, antecipando um mês de Outubro que será marcado por manifestações.

Se costuma andar no metro em Lisboa, reparou que algo está diferente. A singela estação da Alameda passou a chamar-seAlameda «da Precariedade». Se está perdido, «Oriente-Se» e desça na Avenida (da Liberdade) «12 de Março», a mesma por onde desceram milhares de precários e indignados, precisamente nesse dia, sábado, 12 de Março de 2011.

O mesmo grupo de amigos que convocou a manifestação nas redes sociais na Primavera, cresceu para movimento social, o M12M , que adoptou a data da manifestação para nome e que agora leva a cabo o manifesto «O Metro é das pessoas, não é das marcas», uma espécie de estágio para a grande acção de 15 De Outubro. Já lá vamos, e vamos de metro.

Descontentes com o novo nome da estação Baixa-Chiado que passou a chamar-se Baixa-Chiado PT Bluestation, alguns elementos andaram a mudar o nome das estações do metropolitano de Lisboa e, como uma das suas bandeiras é a participação, pediram a colaboração de todos. João Labrincha, do M12M, diz explicou aotvi24.pt a «recepção dos utentes do metro foi fantástica» e para a pergunta deixada no ar e na Net, «e tu, já deste nome a uma estação?», as respostas não se fizeram esperar, como, por exemplo, Cabo (Ruivo) «das Tormentas», Cais (do Sodré) «dos Encalhados», «Entre-estágios» em vez de Entrecampos, ou «Baixa-Empregabilidade» no lugar de Baixa-Chiado.

João ri, mas, o assunto é sério e deixa nova pergunta no ar: «Não estamos a abrir um precedente de descaracterização do espaço público? E se fosse no Castelo de São Jorge?», ou, como lhe sugeriram, «um Cristo-Rei Samsung». E porquê? Não passam de «subterfúgios para tapar buracos e erros de gestão».

Ora, a palavra «buraco» é do que se ouve mais hoje em dia. A dívida portuguesa é incontornável. Por isso, saímos do metro e vamos falar da rua e da manifestação agendada para 15 de Outubro. João Labrincha não sabe o que «aí vem», mas garante que o «sucesso da manifestação não vai depender do número de pessoas na rua». O «15-O» é uma plataforma de vários movimentos cívicos, já conta com 18, e o protesto vai estar espalhados por várias cidades, mais uma do que em Março. Évora também vai participar.

Mas, segundo João, é muito mais. Insere-se num «dia de contestação internacional, porque a forma como as democracias se estão a degradar é um mal comum», tal como o grande problema «vai além da precariedade, esta é o reflexo das más medidas». Os professores, precários, ainda esta quinta-feira invadiram o ministério da Educação.

O «15-O» também traz uma novidade em relação à manif de Março: termina com uma «assembleia popular à frente da Assembleia da República».

O que mudou de 12-M para 15-O?

Mudou-se de Governo e pouco mais. Continua a haver «um afastamento político» em relação aos cidadãos e uma «tendência para privilegiar os grandes grupo económicos e não taxando a especulação». Daí deixarem o apelo, à democracia participativa, mas não à violência. «Não espera ver em Portugal o mesmo que na Grécia» e considera a afirmação de Passos Coelho sobre manifestações de violência nas ruas «desgarrada».

Também a vida de João pouco mudou. Era um licenciado desempregado em Março e continua a sê-lo agora.

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